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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O quadro do preconceito e outras notícias

Por Sheila Sacks

Quarenta e oito horas antes da celebração do Dia Internacional do Holocausto (27 de janeiro), o ministro israelense da Educação e Assuntos da Diáspora, Naftali Bennett, chamou a imprensa em Tel Aviv para apresentar uma ferramenta tecnológica capaz de detectar mensagens antissemitas postadas na internet em qualquer lugar do planeta. Desenvolvido em conjunto com o Ministério da Defesa, o Antisemitism Cyber Monitoring System (ACMS) faz o rastreamento e análise dessas manifestações difundidas principalmente nas redes sociais. Para o ministro, o antissemitismo continua vivo, apenas mudou de forma. “Saiu da rua para a web”, atesta.

Durante a exposição, Naftali mostrou um painel com as cidades que mais espalham antissemitismo na web. O monitoramento foi feito no período de teste, que durou 30 dias, sendo percebidas e analisadas 409 mil postagens e tweets digitados por 30 mil internautas. Diariamente eram escaneadas cerca de 200 mil mensagens suspeitas, sendo que desse total  pelo menos 10 mil eram de cunho antissemita.

As cidades de onde mais partiram conteúdo antissemita foram Puebla (México),  Santiago (Chile), Dnipro (Ucrânia)e Bucareste (Romênia). A lista ainda inclui Fortaleza (Brasil) e Buenos Aires (Argentina). Na Europa Ocidental, Paris e Londres foram identificadas como as cidades mais antissemitas da região. A definição de mensagem antissemita tem por base o entendimento adotado pela organização “International Holocaust Remembrance Alliance” (IHRA) que já monitora postagens de intolerância e ódio no Twitter e no Facebook.
(Foto de Alex Traiman, do Jewish News Service - JNS)

Por trás de “O Código da Vinci”

Um dos maiores best-sellers de todos os tempos (80 milhões de exemplares vendidos), “O Código da Vinci” (2003), do americano Dan Brown, tornou-se em 2017 o livro mais indesejado da Inglaterra. Milhares de pessoas estão doando o livro para ONGs, bibliotecas, centros culturais, escolas etc. De tal maneira, que o gerente de uma das instituições agraciadas postou na internet a foto de uma pilha de livros do autor solicitando aos doadores que enviassem outro objeto como forma de ajuda.

A notícia divulgada pelo jornal britânico “The Guardian” mostra o caráter descartável de determinadas obras literárias. Com o agravante de que Brown foi acusado de plágio, mas conseguiu se livrar da Justiça inglesa, em 2006. Mas, é fato que seu livro é uma cópia do tema central da obra “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada”, de 1982 (2 milhões de cópias vendidas), dos pesquisadores Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln. Esta, sim, uma leitura fascinante e explosiva, resultado de muitos anos de pesquisa, que revela a “linhagem sagrada” da dinastia merovíngia, a existência de uma sociedade secreta de notáveis e os esforços para resguardar um dos mais sensíveis mitos da humanidade.

Anos antes, os estudiosos já tinham produzido três documentários sobre o tema para a rede de TV BBC. E, em 1991, dois deles, Baigent e Leigh, publicaram outro trabalho investigativo que mereceu a atenção dos leitores: “As intrigas em torno dos Manuscritos do Mar Morto”. Um estudo que narra as dificuldades de pesquisadores e arqueólogos israelenses para tornar públicos os pergaminhos milenares encontrados nas cavernas de Qumran, a 30 quilômetros a leste de Jerusalém, entre 1947 e 1956.

 História incompleta

 Com as fakes news e as meias verdades embaralhando as informações, vale lembrar que há mais de 2 mil anos um escriba desconhecido escreveu: “Não existe nenhum homem capaz de contar a história inteira.” A frase está em um dos Manuscritos do Mar Morto descobertos na década de 1940 no deserto da Galileia.

O antropólogo americano Loren Eiseley (1907 – 1977), autor de  “A Imensa Jornada”, foi mais adiante e viu nessa assertiva a advertência de que o homem é um órfão cósmico de origens incertas e final indefinido, vivendo em eterna busca e ignorante de seu próprio destino. Seu tempo terreno é apenas um pequeno parêntese na eternidade.

Para Eiseley, as novidades científicas reveladas nos estratos da Terra mostram que o homem como o conhecemos não esteve sempre aqui. Foi precedido, nos 4 bilhões de anos da história do planeta, por moluscos flutuantes, estranhas florestas de samambaias, imensos dinossauros, lagartos voadores e mamíferos gigantes cujas histórias fósseis jazem sob placas de gelo continentais.

Da época de nossos ancestrais semi-humanos, mal capazes de falar, à atual era tecnológica das redes virtuais onde as informações se processam incessantemente, a história continua incompleta, sem que o homem saiba a resposta acerca do mais primitivo dos mistérios: Por que estamos aqui?

Conflito na telinha da TV

Acaba de ser lançada em Israel, neste início de 2018, a segunda temporada do seriado “Fauda” (Caos, em árabe), cuja primeira temporada alcançou altos índices de audiência. Uma campanha publicitária agressiva, com painéis escritos em árabe ( do tipo ‘Prepara-se, o caos está prestes a começar e a caminho de você’), assustou os moradores de várias cidades israelenses que pensaram estar sendo ameaçados, segundo o jornal "Haaretz".

No Brasil, os 12 episódios da primeira temporada estão acessíveis aos assinantes do Netflix e da NET Now (Mais Globosat), sob o título “Os Dois lados do Conflito”. A história mostra um grupo de agentes de segurança envolvidos na captura de um terrorista que forjou a própria morte.

Com muita ação, excelente produção, artistas carismáticos e diálogos em hebraico e árabe, a série apresenta os conflitos pessoais e profissionais dos personagens israelenses e palestinos. Uma visão que se pretende menos sectária e mais abrangente sobre o tema. Aliás, um dos criadores da série e ator principal é o ex-militar das forças especiais, Lior Raz. Para quem ainda não assistiu, vale a recomendação.

Século 21

Dubrovnik (Croácia)
Neste início de ano, a rede americana CNN, através de seu site CNN Travel, listou 12 lugares maravilhosos para você NÃO visitar em 2018. Isso mesmo! Destinos badalados a serem evitados pelos viajantes “conscientes”. O motivo  é preservar os patrimônios históricos e os ecossistemas ameaçados pelo excesso de turistas, desleixo e balbúrdia nas ruas. Medidas para restringir o acesso a esses pontos turísticos já estão sendo organizadas pelas administrações públicas locais.

Cinque Terre (Itália)
Ainda que o objetivo seja pertinente, espera-se que o planeta não caminhe para uma nova Idade Média, com as cidades e suas obras arquitetônicas resguardadas por muralhas. Desta vez para se protegerem das supostas hordas de turistas “sem consciência”.

Aí vai o roteiro do que você deve evitar em 2018, de acordo com a CNN:
Ilha de Skye, (Escócia), Barcelona (​​Espanha), Dubrovnik (Croácia), Veneza (Itália), Santorini (Grécia), Himalaias (Butão), Taj Mahal (Índia), Monte Everest (lado do Nepal), Machu Picchu (Peru), Ilhas Galápagos (Equador), Cinque Terre ( Riviera Italiana) e Antártica.

Machu Picchu (Peru)
Boa Viagem !